Esse é um blog pessoal. Se copiar dê os devidos créditos!
Nota: o template base pertence ao site Btemplates. Quando não for algo original (da minha própria autoria) haverá uma "nota" como essa acima especificando portanto, respeite para ser respeitado, não copie ou cole sem dar os devidos créditos.

sábado

Os olhos que outra viram...



Todo dia, o mesmo senhor senta-se no banco da praça e fica olhando a sua volta. Pega seu jornal do dia e começa a lê-lo, mas em determinada hora  o senhor ergue a cabeça de sua leitura e olha em sua volta como se procura-se algo, suspira e volta a atenção para seu jornal e refaz essa mesma ação diversas vezes durante a tarde.
José, um pipoqueiro, intrigado com a ação do senhor começa a oberserva-lo de longe. Um senhor de no máximo os seus 64 anos, cabelos grizalhos próximo as temporas, bem vestido, com seu sapato mocassine balança os pés enquanto le o seu jornal, como se ouvisse um melodia só dele, uma melodia orquestrada pelo universo.
De repente esse ritual e interrompedido, quando os pes param de balaçar, firmam-se no chão e acontece novamente, ergue a cabeça, olha para sua direita e depois para sua esquerda, demora mais o olhar em uma criança que brinca com seu sorvete no chão, sem explicação apenas suspira, olha a sua frente e volta-se para sua leitura.
José, que até aquele momento estva apenas intrigado começa agora a conspirar teorias para explicar o velho senhor. Pensando mais profundamente, chegou a conclusão que o velho  podia sofrer de uma espécie de tic nervoso. Não! Refletiu melhor, ele está tranquilo, os unicos traços de tulmulto encontram-se apenas em seus olhos. Já agoniado e não  suportando mais de curiosidade Jose aproxima-se.
- Boa Tarde, Senhor. O Senhor quer uma Pipoca, tem doce e Salgada com queijo.
- Não, muito obrigada.-  Responde o senhor sem levantar os olhos do jornal
- Parece que vai chover, o senhor não acha> José tenta novamente. Mas dessa vez o Senhor nem responde, apenas continua a balançar seus pês.
Já conformado que não iria encontrar respostas ali, Jose posiciona seu carrinho para voltar ao seu ponto de venda. Quando contemplando a criança a poucos metros a sua frente, diz quase que para si mesmo:  - O tempo está sempre correndo, mas crianças são sempre crianças não importa o relogio que tenha.
Naquele momento o senhor abaixou o jornal e olhou bem para o homem ao seu lado. Um rapaz, jovem, de 33 anos, com roupas surradas de velhas, com o tenis furado no pé direito, com o rosto abatido e as mãos calejadas, sem muito estudo porém com o olhar instigador como das grandes personalidades da história.
E foi nesse momento que o Senhor olhou com mais atenção. Aceitou a pipoca antes oferecida e teve uma conversa muito agradável com o pipoqueiro.
Contou-lhe dos bons tempos da praça, das familias que sentavam-se ali com suas cadeiras trazidas de casa, com os filhos brincando de pega a pega e bicicleta na rua ao lado, das conversas infinitas com os vizinhos e de sua doce companheira que partiu a 3 anos, e enquanto enumerava as suas lembranças, José ouvia a tudo aquilo, quase que absorvendo como uma planta que necessita de agua para viver, o rapaz precisava daquelas palavras. 
No fim do dia o senhor, agora já conhecido, seu Rubens volta para seu apartamento cercado de portões, telas e arlames. Rindo-se da ironia da vida. Ele um professor de nivel universitário de filosofia fora enganado pelos seus próprios olhos. Quando questionado por José pelo que estava procurando um pouco antes, respondeu na sua prepotência : Que seus olhos não eram mais capazes e ver o que outrora já havia visto. José na sua imaculada simplecidade apenas responde que: Os olhos também fazem parte do corpo humano e portanto apresenta limitações, mas como  qualquer outra parte que  pode ser treinada, os olhos também.  A verdadeira visão é aquela que começa de dentro, muito do que é visto fora, é apenas um reflexo. 
Com seus 64 anos e todo o seu conhecimento, o velho aprendeu a mais valiosa das lições de um simples pipoqueiro e entendeu que como as imagens que se formavam em seus olhos o tempo também é assim, resolvendo explorar o novo mundo a sua frente. Não prenda-se as limitações de seus olhos em ver e sim no que eles são capazes de refletir de você.

Lika Nues  - Produção 2011

0 comentários: